O que é um lubrificante e para que ele serve?
Definições e funções do lubrificante
Existe mais de uma definição do que seria um lubrificante, dentre as quais podemos citar a mais simples e mais utilizada:
Lubrificante é qualquer substância entre duas peças móveis que tem como objetivo reduzir a fricção ou atrito entre elas.
Essa redução de atrito resulta em alguns benefícios importantes, como aumento da eficiência. Ou seja, o movimento será facilitado e gastará menos energia (no caso de um motor de carro, utilizaremos, portanto, menos combustível) para realizar o movimento. Outro benefício direto da redução do atrito é a redução do desgaste das peças, essencial para o bom funcionamento e durabilidade do motor, se for o caso.
Já o desgaste é resultado do contato direto entre peças móveis e consequente perda de material da superfície.
Para responder à pergunta principal, podemos concluir que o lubrificante é o que utilizamos entre peças em movimento para reduzir o atrito e evitar o desgaste.
Essa é uma forma simples de explicar o que é e para que serve o lubrificante, mas, na vida real, nem sempre tudo é tão simples, sendo necessário explorar mais detalhadamente o que acontece, não só no motor do nosso carro ou moto, como também em transmissões manuais, automáticas, suspensões, máquinas, etc.
O óleo de motor é apenas um tipo mais conhecido de lubrificante, o líquido, assim como o óleo de transmissão. Vamos ver os outros tipos seguidos de alguns exemplos:
- Sólidos: grafite, talco, resinas;
- Semissólidos: graxas;
- Gasosos: ar.
Cada tipo de lubrificante é escolhido de acordo com as exigências de cada aplicação. Por exemplo, as graxas são usadas em situações na qual um óleo líquido pode escorrer, mesmo se for de viscosidade muito alta.
Vimos anteriormente que o principal objetivo do lubrificante é reduzir o atrito para evitar o desgaste, no entanto, o lubrificante tem outras funções tão importantes quanto estas. Dependendo da aplicação (motor de carro, motor de moto, transmissão, etc.), as funções podem ser outras ou com ordem de importância diferente. No caso de um motor de carro, podemos citar algumas dessas funções:
Reduzir o atrito e o desgaste
Reduzir o atrito aumenta a eficiência, reduz o consumo de combustível e evita reparações de alto custo.
Reduzir o ruído do motor
A fricção e o choque entre as superfícies em movimento geram ruído, o que pode ser um incômodo. O lubrificante nesse caso atua como uma camada intermediária entre as superfícies, diminuindo o ruído.
Vedação
A vedação adequada entre pistão, anel e cilindro garante que a câmara de combustão não tenha perda de pressão durante os ciclos do motor a combustão. Caso não haja vedação adequada, seja por defeito mecânico ou por aplicação de um óleo errado fora das especificações, podem ocorrer problemas como consumo de óleo, aumento do consumo de combustível, aumento de ruído, desgaste prematuro, etc.
Controlar temperatura de serviço
Motores modernos operam em altas temperaturas para garantir maior eficiência. Além do sistema de arrefecimento, o óleo tem função importante no controle de temperatura, funcionando como meio de transporte do calor.
Motores mais recentes, muitas vezes, são equipados com bicos que expelem óleo na parte de baixo dos pistões para resfriamento. Já os de alto desempenho ou de competição, são, na maioria dos casos, equipados com radiadores suplementares de óleo para conseguir resfriar o óleo submetido às altas temperaturas, por exemplo, nos turbocompressores.
Manter a limpeza interna do motor
Para que ocorra a combustão, o motor necessita de uma mistura de ar e combustível. É essencial que o filtro de ar e o sistema de admissão estejam em boas condições de funcionamento para evitar entrada de ar sujo ou contaminado para dentro do motor, assim como todos sabem da importância de se utilizar um combustível de boa qualidade pelo mesmo motivo.
Ainda assim, mesmo com ar limpo e combustível bom, é normal que alguns dos resultados da combustão sejam ácidos e fuligem, por exemplo. Os detergentes e dispersantes do óleo são responsáveis por manter esses visitantes indesejados sob controle dentro do motor, dissolvidos no óleo, para que possam ser retirados quando a troca de óleo for realizada.
Neutralização de ácidos
Os ácidos gerados na combustão são responsáveis por degradar os componentes internos do motor, estragando vedações, plásticos e metais, além de também acelerar o processo de envelhecimento do óleo. O TBN, ou basicidade total do óleo, é uma medida da capacidade deste óleo em neutralizar a acidez.
Essa acidez do óleo é um dos parâmetros quando analisamos em laboratório um óleo usado para saber se já está na hora de trocar ou não, procedimento muito usado no gerenciamento da manutenção de frotas.
Minimizar a corrosão
Um fenômeno químico bastante conhecido que ocorre quando temos presença, dentre outros fatores, do oxigênio proveniente do ar, é a oxidação, que por sua vez geram óxidos (a ferrugem por exemplo é simplesmente óxido de ferro).
O óleo consegue controlar esse processo, muitas vezes, ao formar uma película que reduz o contato do oxigênio do ar em contato com a superfície metálica.
Cumprir a função de fluido hidráulico
Os tuchos hidráulicos são um exemplo de sistema hidráulico dentro do motor. Os tuchos são componente responsáveis por transmitir o movimento de abertura e fechamento de válvulas, assim como também compensam o desgaste das válvulas constantemente através de um sistema hidráulico interno.
A utilização de um óleo errado ou a falta de troca no tempo correto, pode, por exemplo, gerar um mal funcionamento dos tuchos que, por sua vez, gera um ruído característico. O tucho hidráulico é um sistema hidráulico simples, mas pode haver outros mais complexos, como nos comandos de válvulas variáveis, que podem ser desde os mais simples até os mais complexos.
Podemos concluir que a função primordial do lubrificante é a redução do atrito para evitar o desgaste, mas existem ainda outras funções tão importantes quanto essa e que não podem ser deixadas de lado.
Atualmente, existem diversas qualidades, tipos e especificações de lubrificantes diferentes que parecem confundir, mas que na verdade são importantes e especificados para conseguir atender às exigências de projetos de motores cada vez mais avançados tecnologicamente e diferentes uns dos outros.
Devemos sempre observar quais são as especificações do fabricante do veículo e aplicar um produto que seja capaz de atender essas exigências, caso contrário, corremos o risco de enfrentar reparos caros e demorados.
Realizar as manutenções na oficina de acordo com o manual do proprietário também é essencial para manter o veículo funcionando com segurança, obedecendo os intervalos de manutenção de acordo com a condição de uso (normal ou severa).
Checagens regulares mais simples, como checagem de todos os fluidos e seus níveis (óleo de motor, fluido de freio, arrefecimento, etc.) podem ser feitas pelo próprio dono do veículo, de acordo com as instruções do manual do proprietário. Na dúvida, consulte sua oficina de confiança.