Normas e especificações para carros

A identificação do óleo ideal deve ser fundamentada na norma exigida pelo fabricante do veículo. Esta, por sua vez, é determinada de acordo com a necessidade do veículo, seja para proporcionar mais proteção aos motores de alto desempenho ou mais economia de combustível. No manual do proprietário é possível encontrar a especificação que o lubrificante deve atender para ser aplicável no veículo.

As normas atuais para carros são: API, ACEA, ILSAC e OEM (também conhecidas como homologação/especificação original do fabricante).

Entendendo melhor cada especificação

API (American Petroleum Institute)

Padrão americano para carros movidos a todos os tipos de combustíveis, porém com parâmetros diferentes quando o veículo possui ignição por centelha ou ignição por compressão.

Exemplo para motores leves:

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A classificação mais recente é a API SP e, assim como a anterior, possui aditivos que visam proporcionar mais proteção contra pré-ignição em baixa velocidade (LSPI – Low-speed pre-ignition). A probabilidade desta falha se tornou maior devido ao downsizing engine que é, basicamente, a redução de tamanho dos motores produzindo rendimento maior. A API SP é mais rigosa do que as anteriores quando se trata da proteção ao motor e resistência à degradação.

ACEA (Associação dos Construtores Europeus de Automóveis)

Normativa europeia para veículos leves e pesados. Dentre as especificações de referência, esta é a com mais parâmetros e classificações, além de ser a norma mais utilizadas pelos fabricantes em veículos leves movidos a diesel atualmente.

A classificação é feita considerando os seguintes critérios: tipo do combustível, viscosidade HTHS (sigla em inglês para alta temperatura, alto cisalhamento) e o teor de cinzas sulfadas, fósforo e enxofre (SAPS – Sulphated ash, phosphorus and sulfur) do lubrificante.

A definição do tipo de combustível é importante por conta da contaminação e esforços ao qual o lubrificante será submetido.

Viscosidade HTHS indica o perfil do lubrificante. Aqueles que possuem alta viscosidade HTHS, tem como característica proporcionar mais proteção, já os lubrificantes com baixa viscosidade HTHS, privilegiam a economia de combustível.

O teor de SAPS tem como principal característica a compatibilidade, ou não, com sistemas de pós tratamento (DPF, EGR, SCR, …) equipado principalmente, no Brasil, em veículos leves movidos a diesel a partir de 2012 (veículos que atendam o padrão EURO V). Alto teor de SAPS danifica o sistema de pós tratamento. Portanto, para os veículos modernos movidos a diesel, é necessário lubrificante com concentração reduzida de SAPS.

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ILSAC (International Lubricant Standardization and Approval Committee)

Formado pela Associação Americana de Fabricantes de Automóveis e pela Associação de Fabricantes de Automóveis do Japão, em 1992, foi desenvolvida para motores movidos a gasolina e correlacionada ao padrão API. Todavia, com exigência maior para a economia de combustível (baixo HTHS) e redução na emissão de poluentes.

Atualmente, estão em vigência as categorias ILSAC GF-5, GF-6a e GF-6b.

O nível GF-5 é retrocompatível com as anteriores e está em vigência até abril de 2021. Os lubrificantes que atendem este padrão são desenvolvidos com baixa viscosidade HTHS, apresentam proteção contra depósitos nos pistões e são compatíveis com motores de alta proporção de etanol.

Categorias ILSAC GF6-a e GF-6b, são as mais atuais e os lubrificantes devem ser formulados para oferecer mais proteção contra pré-ignição em baixa velocidade, benefício de economia de combustível, proteção contra desgaste da corrente de distribuição e limpeza mais eficaz do motor. A classificação ILSAC GF-6a aplica-se aos lubrificantes com viscosidade 5W-30, 5W-20 e 0W-20, enquanto a GF-6b atende aos lubrificantes com viscosidade 0W-16.

OEM (Original Equipment Manufacturer)

Estas especificações são baseadas nas normativas da API, ACEA ou ILSAC e, geralmente, incluem testes de laboratório das montadoras. Isto serve para verificar a interação do lubrificante com as peças do motor e garantir que as particularidades dele sejam atendidas.

As montadoras são também responsáveis pela avaliação e, posteriormente, aprovação dos fluidos. Emitindo uma carta homologada que declare que o produto atende a sua especificação.

Devido as evoluções tecnológicas, as montadoras adotam cada vez mais as suas próprias normas para atender exigências ambientais e de desempenho. Abaixo, alguns exemplos de especificações do fabricante e características principais da norma.

BMWLL-01Recomendada para motores a gasolina, mais exigente na proteção contra o desgaste, formação de borra e depósitos nos pistões do que a ACEA A3/B4.
LL-04Fundamentada na ACEA C3, porém com melhor desempenho em proteção. Aplicada em carros com sistema de pós tratamento movidos a diesel.
FORD948-BNorma mais recente da Ford para motores que utilizam a viscosidade 5W-20. Maior benefício em economia de combustível do que a norma ACEA C2.
MERCEDES-BENZMB-229.5Utilizada para veículos movidos a gasolina, com poder elevado de proteção ao motor e alta resistência à degradação por contaminação.
MB-229.52Proteção superior contra a formação de borra contra o desgaste do que a ACEA C3 e maior benefício em economia de combustível do que a ACEA C2.
PSAB71 23 12Especificação para veículos que exijam perfil Fuel Economy, maior proteção contra o engrossamento por oxidação se comparado a ACEA C2.
VOLKSWAGEN504 00 507 00Norma rigorosa da VW na proteção contra desgaste e engrossamento do óleo. Recomendada para veículos de alto desempenho e/ou equipados com DPF.
508 88 509 99Especificação para motores flex do grupo VW. Em conformidade com a norma ACEA A3/B4, porém mais rigorosa em proteção contra a formação de borra.

Conclusão

Existem normas que são mais rigorosas do que outras e, devido as características de cada especificação, é impossível um único lubrificante atender a todos os veículos, diversas vezes, o fabricante do óleo deve optar por uma especificação em detrimento de outra. No entanto, quanto mais normais recentes e exigentes o lubrificante atender, melhor é a sua performance.

Veja abaixo o exemplo de dois lubrificantes que possuem o mesmo grau de viscosidade e apresentam características e aplicações diferentes.

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