Sistema de alimentação de combustível das motos: como funciona e como garantir melhor desempenho
O princípio básico do funcionamento dos motores a combustão interna consiste em explosões repetitivas dentro do motor. Essas detonações são responsáveis por movimentar o pistão, de modo a rotacionar o eixo que transmite o movimento à roda.
Para que a queima possa existir dentro da câmara de combustão de motores de ciclo Otto – que equipam a frota nacional de motocicletas movidas a gasolina e/ou flex – é preciso que seja alimentado vapor de combustível com ar e que a vela esteja em boas condições, capaz de gerar faísca.
A dinâmica dos motores de ignição por centelha ocorre da seguinte maneira: dentro da câmara de combustão é alimentado uma mistura de ar e combustível. A vela gera uma faísca que inicia a queima da mistura, provocando o movimento do pistão. Este, por sua vez, acaba por movimentar o virabrequim que, através do sistema de transmissão mais adequado para o modelo de sua moto, transfere torque e rotação à roda.
Como vimos em outro artigo sobre os fenômenos de falhas em motores à combustão interna, estes passos podem acontecer em 4 tempos (1-Admissão, 2-Compressão, 3-Expansão e 4-Escape) ou de maneira sobreposta, como é o caso dos motores 2 tempos.
Independente do tipo de motor a combustão interna que equipa sua moto, a ignição do combustível se dá repetidamente. Isto é, a alimentação de gasolina e/ou etanol deve acontecer de modo contínuo em diferentes situações durante a pilotagem.
Imagine que você está no centro da cidade em um dia quente, encarando uma ladeira e exigindo o máximo do acelerador. Ou outra situação em que você está ligando sua moto de manhã em um dia frio antes do trabalho. Cada situação de uso e pilotagem demanda quantidade diferente de combustível para a mistura que será alimentada na câmara de combustão, e fatores externos como temperatura, pressão e qualidade do combustível podem interferir no funcionamento e volume necessário na queima.
O responsável pelo controle e provisão de combustível ao motor é o sistema de alimentação que, em geral, apresenta duas configurações características. A primeira se caracteriza pela presença do carburador, enquanto a segunda acontece pela injeção eletrônica. Mas quais as diferenças entre elas?
Entendendo o carburador
Um dos populares sistemas de alimentação de combustível em motores se caracteriza por uma peça fundamental para seu funcionamento: o Carburador.
Mas afinal, o que é um carburador? O carburador consiste em um conjunto mecânico responsável pela mistura ar-combustível que será sugada para dentro da câmara de combustão. Em linhas gerais, trata-se de um sistema que é capaz de pulverizar combustível dentro da câmara de combustão, de acordo com o acionamento do acelerador.
Motos carburadas geralmente possuem o tanque de combustível localizado acima do carburador, de modo que a alimentação de combustível seja feita por gravidade. Ou seja, o combustível que sai do tanque chega ao carburador através de uma mangueira, sem necessidade de bomba.
Outra característica é o fato do conjunto ser mecânico, o que possibilita o funcionamento do sistema de alimentação de combustível sem a necessidade de bateria. Além disso, apresenta manutenção simplificada, comparada à injeção eletrônica.
Apesar dos carburadores contarem com componentes para ajuste fino da alimentação de combustível em situações específicas, como marcha lenta e partida a frio, por exemplo, o sistema não é capaz de se auto ajustar precisamente de acordo com os cenários enfrentados pela moto, com temperaturas adversas e demandas de combustível distintas.
Tal fator reflete maior consumo de combustível e maior emissão de poluentes, comparado a sistemas mais modernos. O sistema também dificulta que o motor entregue o máximo de sua potência, já que a relação ar-combustível raramente será a ideal.
A era da injeção eletrônica
A Injeção Eletrônica nasceu a fim de melhor controlar a alimentação de combustível e possibilitar o ajuste exato da mistura dentro da câmara de combustão para cada situação e demanda.
Apesar dos carburadores terem equipado grande parte da frota nacional de motocicletas por anos, a injeção eletrônica se tornou popular, mesmo em motos de baixa cilindrada. Vamos entender um pouco mais sobre o sistema e por quê tem atraído a atenção das montadoras e motociclistas.
A injeção eletrônica possui esse nome justamente porque o controle da injeção/alimentação de combustível dentro da câmara de combustão é feito eletronicamente.
O sistema conta com sensores que captam as condições do ambiente e informações sobre o funcionamento da moto. Esses dados são enviados para uma central, conhecida como Unidade de Controle Eletrônico ou ECU (Eletronic Control Unit), que interpreta e transmite os comandos para os componentes e atuadores, desde bomba de combustível e bicos injetores a bobina de faísca e ventoinhas.
Como o controle de todo o sistema de alimentação é feito com maior precisão e monitoramento, a injeção eletrônica permite que o motor trabalhe em condições estequiométricas perfeitas para cada cenário e solicitação. Por isso, diferentemente dos conjuntos com carburador, motos com controle eletrônico de alimentação de combustível fazem a leitura das informações e conseguem entregar a mistura ideal de ar-combustível para cada circunstância, que varia conforme as condições de temperatura, pressão e solicitação do motor.
As adaptações para condições distintas – controladas pela ECU – evitam problemas para partida a frio e marcha lenta, por exemplo. Além disso, a injeção eletrônica permite melhor consumo de combustível, comparado às motos carburadas, de modo a resultar em economia de combustível e menor emissão de gases poluentes, atraindo os olhares das fabricantes de motocicletas e se tornando uma escolha unânime no lançamento de novos modelos.
Manutenção e limpeza
Assim como os outros sistemas da moto, o conjunto responsável pela alimentação de combustível demanda atenção e manutenção. Para que todas as partes do carburador funcionem corretamente e seu acionamento/atuação mecânica seja entregue conforme esperado, é necessário limpeza recorrente e ajustes a fim de evitar alguns problemas comuns. Dentre eles, podemos citar:
Boia enroscada: Os carburadores apresentam uma boia presa a uma agulha que flutua conforme o nível de combustível sobe ou desce. Quando o nível está alto, a boia sobe e a agulha é responsável por fechar a entrada de mais combustível. Quando baixo, a agulha deixa a passagem aberta para aumentar o volume de combustível dentro do carburador. Com a boia enroscada, a quantidade de combustível dentro do reservatório não é adequada, prejudicando a mistura que vai para a câmara de combustão, e podendo gerar vazamentos a partir do carburador.
Giclê entupido: Trata-se de uma peça com um pequeno orifício que regula a admissão de gasolina que será aspirada para dentro do motor. Os carburadores costumam apresentar um giclê para regulagem da marcha lenta (giclê de baixa) e outro para ajuste da admissão de combustível em situações de maior rotação e exigência do motor (giclê de alta). Caso as vias estejam obstruídas, haverá falha na mistura entregue pelo conjunto.
Formação de depósitos da cuba: Os depósitos acumulados dentro do reservatório de combustível no carburador acabam por obstruir os canais da peça, de modo a prejudicar a alimentação de combustível parcial ou até totalmente.
Borboleta com verniz: A entrada de ar para o carburador é realizada através de um dispositivo conhecido como “borboleta”, que abre ou fecha de acordo com o acionamento do acelerador. Os depósitos de verniz e sujeira tendem a travar o retorno total da borboleta ou retardar sua abertura, reduzindo a eficiência do carburador.
Vedação de ar: Caso o carburador não esteja fixado corretamente, de modo a vedar a entrada indesejada de ar, é possível que o motor apresente acelerações irregulares, já que a mistura ar-combustível do carburador está sofrendo alterações externas.
Existem ainda outros cuidados que variam de acordo com a complexidade do carburador que equipa sua moto, porém a necessidade de revisão do sistema não é exclusiva desse tipo de conjunto. Motos equipadas com injeção eletrônica também demandam revisões periódicas para garantir sua eficiência. Dentre os pontos de atenção, vale ressaltar:
Bicos entupidos: Os bicos injetores são peças fundamentais nesse sistema de alimentação, já que são os responsáveis por pulverizar o combustível na proporção ideal dentro do motor. O entupimento de um ou mais bico causa a má distribuição de combustível, prejudicando a mistura estequiométrica na câmara de combustão.
Mal funcionamento de sensores: Caso algum dos sensores que alimentam a unidade de controle com informações fundamentais para atuação do sistema de injeção apresente mal funcionamento, o conjunto fica desregulado e pode aplicar um mapa de segurança para que a moto siga funcionando, porém com menor eficiência. Desde sensor de rotação, até a sonda lambda localizada no escapamento, todos devem estar bem conectados, vedados e limpos para que a injeção eletrônica possa funcionar como planejado.
Falha na bobina de ignição: A bobina tem como função transformar a tensão que recebe da bateria, de forma a garantir que as velas de ignição gerem a centelha necessária para combustão de modo organizado e sequencial, garantindo os ciclos do motor. Quando apresenta defeito ou mal funcionamento, a corrente chega às velas irregularmente, provocando problemas no funcionamento do conjunto, desde perda de potência até aumento no consumo de combustível.
Motos equipadas com injeção eletrônica trazem no painel uma luz com símbolo característico para representar o sistema. O motociclista deve estar sempre atento à luz – usualmente amarela – que, em geral, deve se apagar. Caso a luz da injeção eletrônica não apague, significa que existe alguma inconsistência no sistema de alimentação de combustível de sua moto e vale levá-la até seu mecânico de confiança para revisar e garantir que não terá nenhuma dor de cabeça na estrada.
O sistema de injeção eletrônica foi desenvolvido para entregar ao motor a mistura ideal de ar e combustível. O uso de combustível de má qualidade ou adulterado acarreta na mistura inadequada, além de consequências às peças que compõem o sistema.
Importância da qualidade do combustível
Os combustíveis comercializados atualmente no Brasil devem seguir as normas e especificações determinadas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Em geral, a adulteração de combustível consiste na adição de solventes, metanol ou mistura de etanol em proporções superiores às determinadas pelo órgão regulatório apontado.
O combustível de qualidade está popularmente atrelado a sua octanagem. O índice de octanagem da gasolina, ou índice de octanas, reflete a resistência à compressão que o combustível apresenta. Isto é, trata-se do potencial que a gasolina apresenta (em mistura ar-combustível) para resistir sem sofrer auto detonação dentro da câmara de combustão, sob alta temperatura e pressão.
O combustível, alterado ou não, tende a degradar. Depois de certo período, ele começa a sofrer oxidação e contaminação com impurezas presentes no tanque e linha de alimentação. O acúmulo de depósitos começa a agredir outras peças que fazem parte do sistema, desde bomba a bicos injetores.
A adulteração ou baixa qualidade do combustível acelera e agrava a formação destes depósitos no motor, contribuindo para aumento do consumo e emissões, contaminação do óleo, carbonização das velas e entupimento das vias.
O MOTUL BOOST AND CLEAN MOTO pode ajudar no desempenho
Dentre os melhoradores de desempenho da Motul, a linha de aditivos para motos traz uma solução para sistemas de alimentação de combustível – para motos carburadas ou com injeção eletrônica.
O MOTUL BOOST AND CLEAN MOTO pode ser utilizado em motores 2T ou 4T que demandam limpeza do sistema. O aditivo possui a função de limpar todo o conjunto, desde tanque de combustível, filtro e linha de alimentação, até o carburador ou bico injetor.
Além de dissolver os depósitos presentes e todo o circuito, o aditivo também age como melhorador da performance do combustível, de modo a aumentar seu número de octanas.
Com a devida limpeza e desempenho de combustível agregado, o MOTUL BOOST AND CLEAN MOTO permite melhorar a performance do motor, com combustão mais eficiente, melhor desempenho na partida e marcha lenta, além da redução do consumo e emissões.
Sua fácil aplicação – via tanque de combustível – é recomendada a cada dois tanques cheios, para melhor eficiência, trazendo a segurança que você precisa para uso recorrente de modo preventivo, independente do sistema de alimentação que equipa sua moto.
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