Como cuidar da corrente da minha moto?

A evolução dos sistemas de transmissão das motos contribui para que seja possível explorar com maior eficiência o desempenho dos motores modernos. Os diferentes conjuntos permitem relações diferentes ou até variáveis a fim de garantir que o motor seja operado em regimes mais favoráveis de acordo com cada necessidade. São estes os sistemas que tornam possível que uma moto tenha torque suficiente para sair do repouso e aumentar a aceleração até altas rotações e velocidade de cruzeiro constante.

 

Além dos diferentes tipos de transmissão explorados pelas montadoras, sejam câmbios integrados aos motores ou não, equipados com dupla-embreagem ou conjuntos continuamente variáveis, ainda é necessário um conjunto de transmissão final para garantir a transferência de torque e rotação para a roda.

 

Conjuntos de transmissão final

 

Os conjuntos de transmissão final são, em geral, sistemas com relações fixas – não cambiáveis ou selecionáveis durante a pilotagem – responsáveis por transmitir a força e o movimento do motor e transmissão para a roda. É o sistema de transmissão final que torna a roda traseira da moto em motriz, isto é, graças a este sistema a roda traseira torna-se a roda de tração e permite o movimento da moto.

 

Dentre as configurações mais populares de transmissão final, destacam-se o conjunto de transmissão por eixo cardã, por correia e por corrente.

[caption id="attachment_4832" align="aligncenter" width="600"]

 

Representação dos diferentes conjuntos de transmissão final: Cardã, Correia e Corrente.[/caption]

 

O conjunto de transmissão secundária ou transmissão final por eixo cardã consiste na aplicação de um conceito bastante popular aplicado em veículos pesados, como caminhões, ônibus e até equipamentos agrícolas. Transmissões por eixo cardã contam com um eixo mecânico que transmite o torque entre dois eixos rotacionando em sentidos contrários.

 

Esse tipo de configuração se destaca por sua robustez, durabilidade e baixa manutenção demandada, alinhada a capacidade de transmissão de torque elevado. Já o conjunto por correia agrada o público pela transmissão de força entre as duas polias de modo silencioso e por demandar pouca manutenção.

 

Apesar de muitos modelos de scooter serem equipados com conjuntos de transmissão utilizando correia, estes sistemas são chamados CVT (Continously Variable Transmission) e possuem configuração distinta! São responsáveis pela variação de torque e rotação de acordo com as demandas durante a pilotagem. Nestes casos, a transmissão final, que chega até a roda, não feita é por polias fixas e correia, mas por um par de engrenagens.

 

Apesar das diferentes soluções exploradas pelas montadoras, existe um conjunto que se destaca como mais popular, equipando a maior parcela da frota de motos atualmente: a transmissão por corrente.

Transmissão por corrente

 

[caption id="attachment_4835" align="alignleft" width="600"] 

Transmissão final por corrente.[/caption]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conjuntos de transmissão final ou de relação por corrente são amplamente utilizados em motos, de baixa a alta cilindrada, de uso urbano, off-road ou esportivo. Essa vasta aplicação por parte das fabricantes de motocicletas se deve ao baixo custo de produção, mas também devido a leveza do sistema. Sistemas com menor massa contribuem para que as perdas de energia pela transmissão final sejam reduzidas, tornando a transmissão por corrente a escolha mais eficiente para equipar uma moto.

 

Essa configuração conta, além da corrente, com pinhão e coroa. O pinhão é a engrenagem do eixo motriz, enquanto a coroa é a engrenagem do eixo movido: a roda. Apesar da substituição do pinhão ou coroa serem possíveis, de modo a permitir novas relações diferentes da original, essa relação é fixa e não pode ser selecionada pelo motociclista durante a condução.

 

A corrente possui papel fundamental para bom funcionamento, já que é a responsável por transmitir a força do pinhão para a coroa. A fim de aperfeiçoar o desempenho do sistema e aumentar sua vida útil, diferentes modelos de correntes são aplicados.

 

A corrente consiste em elos unidos por pinos, de modo a garantir a transferência de força através dos rolos, que ficam em contato com o pinhão e a coroa. Apesar deste conjunto possuir boa durabilidade, tecnologias alternativas são exploradas em distintos modelos de corrente buscando estender sua vida útil.

 

O uso dos retentores entre os elos internos e externos da corrente é uma alternativa que vem se tornando cada vez mais comum, já que buscam manter a lubrificação nos elos. Independente do perfil do retentor (O-ring, X-ring ou Z-ring), todos são utilizados para garantir a lubrificação pino a pino, mesmo em condições de uso severas. O uso desta tecnologia de retentores nas correntes consegue, por sua vez, aumentar a vida útil do conjunto relação e, consequentemente, seu custo.

 

Apesar do conjunto de transmissão final por corrente seguir em constante evolução em busca de aprimorar o desempenho da transmissão, alinhado a vida útil prolongada das peças, alguns fatores ainda são altamente danosos para o sistema e influenciam diretamente na redução deste intervalo de uso.

 

Dentre os principais fatores que agridem o conjunto relação por pinhão, coroa e corrente, destacam-se:

Acúmulo de sujeira

 

Partículas de asfalto, terra ou areia, depósitos de pastilha de freio e lubrificante velho não removido, são elementos que acumulados passam a ter papel abrasivo no conjunto, acelerando drasticamente o desgaste das peças que constituem o conjunto. Partículas, mesmo que pequenas, acumuladas na corrente atuam como grãos abrasivos durante o funcionamento e demanda de torque e rotação da relação.

Falta de lubrificação

 

A falta de lubrificação acelera o desgaste das peças, já que o contato entre os rolos da corrente com os dentes do pinhão e coroa passa a ser direto, além de favorecer a oxidação das partes, principalmente em condições de alta contaminação e chuvas intensas.

Folga da corrente

 

Outro fator que acelera o desgaste do conjunto de transmissão final por corrente é a folga incorreta da corrente. A tensão inadequada também contribui para o desgaste acelerado das peças, já que o sincronismo deixa de acontecer.

 

Outro ponto fortemente favorável à seleção do conjunto de transmissão final por corrente é a facilidade de manutenção! Alguns cuidados, quando realizados correta e regularmente, contribuem para melhor eficiência da transmissão e prolongamento da vida útil do conjunto. Veja a seguir o passo a passo para garantir que os cuidados com a sua corrente estão em dia.

Como cuidar da corrente da moto

 

A corrente de transmissão deve ser verificada, limpa e lubrificada regularmente. A primeira dica é: Tenha o hábito de verificar a corrente em intervalos 500 a 1.000 km ou semanalmente.

 

Se você pilota com frequência em pistas irregulares, alta velocidade ou com aceleração constante, em estradas de terra ou areia, ou caso tenha enfrentado condição de chuva e pista molhada, reduza o intervalo de verificação!

 

Caso note que a corrente apresenta aspecto brilhante, indicando contato metal-com-metal sem óleo, sinal de que a corrente está sem lubrificação.

 

Importante: Tão importante quanto lubrificar é limpar a corrente corretamente!

Limpeza

 

Desengraxar e limpar a corrente deve fazer parte da rotina de cuidado e manutenção da sua moto. Isso irá contribuir que impurezas não se acumulem na relação, aumentando a vida útil do conjunto e reduzindo os ruídos para que cada passeio seja mais confortável e com melhor desempenho.

Passo 1

 

 

 

Coloque a sua moto em um cavalete ou peça ajuda para alguém. Com a moto desligada e a roda livre, você terá maior facilidade e segurança para realizar a inspeção e manutenção.

 

Escolha um local apropriado ou protegido caso a sujeira da corrente seja depositada no chão.

 

 

Passo 2

 

 

 

Para limpeza da corrente, pinhão e coroa, evite utilizar solventes genéricos para que podem ser agressivos aos retentores. Evite também o uso de óleo diesel ou gasolina para limpeza, já que podem ser de difícil remoção ou ter incompatibilidade com o lubrificante e dificultar sua adesão à superfície.

 

 

 

Passo 3

 

 

 

O produto adequado para limpeza C1 CHAIN CLEAN irá dissolver a sujeira e lubrificante velho aplicado, sem agredir a corrente.

 

 

 

 

Passo 4

 

 

 

O C1 CHAIN CLEAN pode ser utilizado para limpeza da corrente, mas também do pinhão e coroa que acumulam depósitos ao longo do uso.

 

 

 

 


Passo 5

 

 

 

Para casos de sujeira carregada, utilize um pano ou uma escova com cerdas de plástico, junto ao produto.

 

 

 

 

Passo 6

 

 

 

Espere a corrente secar antes de aplicar o lubrificante. Você pode acelerar o processo de secagem com um pano ou papel para remover excessos.

 

 

 

 

 

Lubrificação

 

A escolha do lubrificante adequado depende do tipo de uso da moto. Os produtos para lubrificação do conjunto de transmissão final da linha MC CARE da Motul possuem fórmulas diferentes para se adaptar aos diversos ambientes que uma moto irá percorrer, já que a aderência e características de cada um varia de acordo com a temperatura/rotação e particularidades de cada tipo de utilização.

 

O C2 CHAIN LUBE ROAD é o lubrificante ideal para motos de uso urbano porque ele possui equilíbrio entre durabilidade e aglutinação de sujeiras na transmissão. A aplicação é recomendada para todas as motos que não passem por estradas de terra e não rodem muito em rodovias.

 

A Motul conta também com o C2 PLUS CHAIN LUBE ROAD para atender uma demanda nacional das motos de baixa cilindrada utilizadas em longas jornadas de trabalho em rotações baixas nos centros urbanos, submetidas a condições de tráfego intenso em vias pavimentadas, como motos utilizadas para entrega durante longas jornadas de trabalho.

 

O C3 CHAIN LUBE OFF ROAD é destinado a aplicações off-road. Sua formulação repele a areia e terra, evitando que haja acúmulo de material abrasivo na relação. Porém, o C3 não é destinado apenas para motos de trilha ou motocross. Ele também pode ser usado, por exemplo, em uma Big Trail que realiza uma viagem com terreno misto (asfalto + terra). O C3 Chain Lube Off Road, por repelir areia e terra, contém o menor nível de aderência à corrente. Por isso, a reaplicação do lubrificante deve acontecer com maior frequência.

 

Já o C4 CHAIN LUBE FACTORY LINE foi desenvolvido para uso em altas velocidades. Ao correr em um autódromo ou pilotar em uma rodovia, a temperatura de trabalho da corrente aumenta e essa temperatura elevada provoca uma queda da viscosidade do lubrificante, além da alta velocidade de operação da corrente que provoca grande força centrífuga. Estes dois fatores juntos fazem com que haja uma grande tendência à expulsão do lubrificante.

 

Sua formulação aumenta a adesão à corrente e a resistência à temperatura. Além disso, o C4 conta com aditivos sólidos antidesgaste e de extrema pressão que reduzem a resistência à rolagem e aumentam a eficiência da transmissão.

 

O C4 não deve ser usado em motos que rodem predominantemente em trajetos urbanos, independente da cilindrada, pois seu aditivo adesivo fará com que as sujeiras da cidade grudem na corrente e gerem um desgaste precoce caso não seja feita a limpeza com frequência.

 

Caso ainda tenha dúvida quanto ao produto melhor recomendado para seu modelo e tipo de uso, a tabela abaixo pode te auxiliar na hora da seleção:

 

[caption id="attachment_4846" align="aligncenter" width="1470"]

 Tabela de aplicação: Lubrificantes de corrente.[/caption]

Passo 1

 

 

 

Aplique o produto nos rolos ao longo de toda a corrente. A lubrificação deste ponto de contato com o pinhão e coroa é fundamental para evitar o desgaste. Você pode também aplicar o lubrificante nos elos internos e externos, para evitar oxidação das outras partes da corrente.

 

 

 

Passo 2

 

 

 

Movimente a roda manualmente em baixa velocidade, garantindo que o produto permaneça na corrente enquanto seca. Nunca lubrifique a corrente com o motor ligado e a moto engatada. Além de riscos à segurança, a rotação irá expelir o lubrificante da corrente.

 

 

 


Passo 3

 

 

Aguarde alguns minutos para que o produto possa penetrar entre os elos. Esperar o produto secar também é importante para evitar que o produto espirre na roda ou outras partes após a aplicação.

 

 

 

 

Importante

 

 

 

Evite espirrar produto nos pneus e freios! O produto aplicado em excesso na corrente ou o produto que não teve tempo suficiente para secar irá escorrer para locais indesejados durante a pilotagem.

 

Caso aconteça, limpe imediatamente.

 

 

 

Folga da corrente

 

Em conjuntos de transmissão que contam com corrente, é fundamental que a folga definida em projeto seja respeitada. Isto se deve ao fato do movimento da suspensão traseira.

 

Motos com maior curso do amortecedor, por exemplo, possuem maior variação da distância entre o pinhão e a coroa. A distância entre estas engrenagens varia da posição com amortecedor completamente comprimido para a moto no cavalete com a balança suspensa, por exemplo. Caso a corrente não tenha folga suficiente para atender a distância máxima e mínima que as peças ficarão sujeitas durante o uso, é possível que essa tensão de tração excessiva da corrente acelere o desgaste do conjunto ou leve as peças à quebra.

 

Além da variação já esperada durante a pilotagem da moto, o desgaste da coroa, pinhão e rolos da corrente acelera o aumento da folga. A manutenção regular da relação contribui para menor desgaste das peças e retarda o aumento da folga da corrente.

 

A responsável por apontar a folga aceitável da corrente para cada modelo é a fabricante da moto. Esta informação pode ser encontrada no Manual do Proprietário e/ou Manual de Serviço de cada modelo.

 

Para verificação da folga é preciso colocar a moto em neutro e, com o motor desligado, apoiar a mesma no cavalete (lateral ou central – seguindo orientação da montadora).

 

A verificação deve ser feita na parte central (ponto médio entre o pinhão e a coroa) da parte de baixo da corrente.

 

[caption id="attachment_4873" align="aligncenter" width="585"]

Demonstração ponto de verificação da folga da corrente (Manual Honda Motos).[/caption]

 

 

Com o auxílio de uma escala graduada, régua, paquímetro ou trena, movimente a corrente para cima e para baixo e faça a leitura da folga. Caso seja superior ao apontado no manual do seu modelo, é possível ajustar a roda traseira movimentando-a mais para trás a fim de esticar a corrente até a folga tolerável. Dependendo do desgaste das peças, pode ser necessário a substituição do conjunto de relação final.

 

Lembre-se de girar a roda e fazer a verificação em outros pontos. Caso a folga encontrada apresente variações entre pontos diferentes da corrente, alguns elos podem estar engripados ou apresentando mal funcionamento.

 

Para conhecer outros produtos que irão te ajudar a cuidar da sua moto da melhor maneira, garantindo seu desempenho e durabilidade, consulte o Guia de Aplicações pelo aplicativo Motul Expert, disponível na App Store e Google Play e siga a Motul no Instagram e no Facebook.

 

Você também pode comprar os produtos online nas lojas oficiais no Mercado Livre e Shopee.