Conheça os tipos de transmissão e os lubrificantes indicados para cada um
A evolução da indústria automobilística, as mudanças nas legislações e a preferência do público fazem sistemas consolidados perderem espaço no mercado automotivo, enquanto outros ganham força para se manterem definitivamente nas ruas.
Você já deve ter notado o aumento da participação de veículos automáticos na frota nacional. Se buscarmos pela participação de veículos 0km automáticos ou automatizados há 15 anos atrás, veríamos um número inferior a 10%. Hoje, no entanto, quase metade dos veículos vendidos no país não requer troca de marchas por parte do motorista e, se excluirmos veículos 1.0, este número é superior a 65%.
O que talvez não esteja claro sobre as transmissões é que nem todo veículo que não exige a troca de marchas é, de fato, automático ou que todos os sistemas têm a mesma estrutura, mesmo lubrificante ou requerem a mesma manutenção.
Afinal, o que é a transmissão e qual a sua funcionalidade?
O objetivo do sistema de transmissão é converter o torque e a potência gerados pelo motor em força de tração e velocidade para as rodas. Atendendo, assim, às necessidades do veículo de aceleração, capacidade de rampa, capacidade de carga e velocidade.
Podemos dizer que temos diferentes construções com este objetivo. Veja alguns modelos disponíveis:
Transmissão manual
Com certeza este é o modelo de mais simples identificação e tem se tornado cada vez menos desejado pelos proprietários. Isto porque o motorista é o responsável pelas trocas de marchas e é o único dentre os modelos destacados aqui com o pedal de embreagem.
Neste modelo, o motorista seleciona a marcha por meio da alavanca de câmbio e, consequentemente, este comando é seguido até o garfo e engrenagem escolhida. O câmbio possui, em sua maioria, 5 ou 6 marchas à frente. Esta estrutura é robusta e de grande aplicação, possui sincronizadores para facilitar e suavizar as trocas de marchas.
No que diz respeito ao lubrificante, há uma grande variação em relação ao produto ideal, pois as montadoras exigem diferentes graus de viscosidade SAE para o seu veículo. Na ilustração abaixo é possível entender melhor como é a estrutura deste tipo de câmbio.
O crescimento de lubrificantes de baixa viscosidade é uma tendência para todos os sistemas e o câmbio manual está incluso. Era comum encontrar a recomendação de lubrificantes com a viscosidade SAE 80W-90, SAE 90. Atualmente, lubrificantes 75W-85, 75W80 ou 75W estão sendo cada vez mais recomendados.
Lubrificantes de baixa viscosidade permitem mais conforto na troca de marchas e auxiliam na redução do consumo de combustível. Em contrapartida, nas caixas ruidosas ou que são submetidas a condições de alta temperatura é comum encontrar a recomendação de lubrificantes com maior viscosidade.
Transmissão automatizada
Esta denominação pode ser nova para você, mas talvez já tenha ouvido falar das transmissões:
- I-motion, da Volkswagen
- Dualogic, da Fiat
- Easytronic, da GM
Estes sistemas são chamados de automatizados. O motorista não precisa fazer as trocas de marchas, porém a estrutura mecânica não é muito diferente do que a vista nos câmbios manuais.
A grande diferença está em um atuador, que pode ser hidráulico ou eletrônico, responsável por gerenciar a troca de marchas para o motorista de acordo com os sinais recebidos da central eletrônica. Assim como é encontrado na transmissão manual, a embreagem é mecânica, requer substituição conforme o desgaste e o acionamento dela também é feito pelo próprio sistema. Após a substituição da embreagem ou outros serviços, nesta transmissão é recomendado que seja feita a calibração do sistema.
Perceba que na caixa de engrenagens as recomendações são semelhantes ao de um câmbio manual, variando a viscosidade requerida pelo fabricante. A capacidade de óleo também é parecida, geralmente, entre 1,4 litros e 2,5 litros em veículos leves.
O atuador é motivo de atenção, sendo ele hidráulico. O fluido específico deve ser aplicado segundo a norma exigida pelo fabricante. Na imagem vemos o exemplo do nosso Multi HF, que é um produto compatível com muitas recomendações para estes atuadores e a capacidade comum é inferior a 1 litro.
Transmissão de dupla embreagem (DCT – Dual Clucth Transmission)
Transmissão com ampla utilização em veículos ligeiros, mantém a sensação de esportividade do veículo, com trocas mais rápidas, caixa compacta com maior número de velocidades e melhor eficiência em economia de combustível.
Algumas nomenclaturas próprias para este sistema são: Powershitf da Ford, S-tronic ou DSG da Volkswagen.
Basicamente, é como se tivéssemos duas caixas unificadas, uma embreagem para marchas pares e outra para ímpares. Deste modo, o atraso no momento das trocas é reduzido. Veja a nossa ilustração deste sistema e o nosso produto específico:
Nos sistemas de transmissão manual ou automatizado, a embreagem é conhecida como “seca”, pois não há fluido no compartimento entre motor e transmissão. Já no câmbio de dupla embreagem, é possível que sejam com a embreagem seca ou úmida, este segundo, é quando há lubrificante nas embreagens.
Casos de embreagem seca, como DSG DQ200 da Volkswagen ou Porwershift, possuem o lubrificante apenas na caixa de engrenagens. O circuito de óleo é mais simples, comparando com o de embreagem úmida e a troca é feita manualmente. Assim como nos outros sistemas já destacados, a capacidade de óleo é em torno de 1,5 litros a 2,0 litros e, geralmente, temos o fluido do atuador.
Nas transmissões com dupla embreagem úmida, temos como grande representante em nosso mercado o câmbio DQ250 da Volkswagen. Mas, há também o MPS6 da Volvo e 724.0xx da Mercedes entre outros. Eles têm um sistema de óleo mais complexo, em que a capacidade total, na maioria das vezes, é superior a 7,0 litros.
Ainda no sistema de embreagem úmida, o mesmo lubrificante pode ser responsável pela lubrificação das engrenagens e embreagens ou, em alguns casos, principalmente para veículos de alta performance, um compartimento para embreagens e outro para engrenagens.
É importante destacar que nos casos de embreagem úmida, o lubrificante deve ser capaz de lubrificar as engrenagens. Além disso, deve resistir à oxidação e altas temperaturas e ainda proporcionar o atrito adequado para as embreagens não “patinar”, que é quando há o deslizamento das embreagens e, consequentemente, a perda do torque.
Transmissão continuamente variável (CVT – Continuously Variable Transmission)
Essa caixa de velocidades é, de fato, um sistema de transmissão construído com duas polias de tamanho variável interligadas por correia ou corrente. Estas transmissões são conhecidas também como transmissões infinitas, pois permitem infinitas relações de marcha.
A ideia é que a CVT proporcione grande espaço nas relações de transmissão e, portanto, sempre mantenha a rotação do motor na sua faixa de potência ideal para todas as condições operacionais, a fim de melhorar a economia de combustível e redução de emissões.
Cada vez mais utilizados pelas montadoras, o câmbio CVT tem grande destaque pelo seu conforto, pois não se realiza o desengate e o engate de marchas, assim não sentimos trancos nesse processo.
A transferência de torque pode ser realizada por sistema de embreagens úmidas ou por conversor de torque. Ambas utilizam a atuação por corpo de válvula. O conversor de torque é o mais utilizado nas CVTs.
A capacidade total de óleo aproximada é superior a 6,0 litros, podendo até ser o dobro em alguns casos, pois o circuito é mais complexo se comparado com câmbios manuais, automatizados e dupla embreagem seca. O lubrificante deve ter:
- boa resistência à degradação
- permitir o atrito entre correia e polia
- cumprir função hidráulica
- resistir à oxidação
O produto que atende a maioria dos câmbios CVT’s no mercado nacional é o Multi CVTF, salvo algumas exceções em que a norma exigida pelo fabricante é compatível com outro produto de nosso portfólio. Mas, em caso de dúvidas, consulte o manual do veículo e ficha técnica do produto.
Transmissão automática convencional
As transmissões automáticas combinam diversos sistemas: circuitos hidráulicos, circuitos eletrônicos, assim como um conjunto mecânico. Embora o conceito seja bem antigo, a evolução destas transmissões proporcionam desempenho altamente superior. Além disso, a exigência do lubrificante para atender aos requisitos atuais também são extremamente maiores do que há 20 ou 30 anos atrás.
Este modelo não requer ação do motorista para a troca de marchas, apesar de muitos veículos possuírem o modo “manual” em que o motorista consegue escolher a marcha desejada mesmo sem o pedal de embreagem.
Ao invés de um sistema de embreagem seca ou úmida, o comum para este câmbio é a utilização de conversor de torque. O volume de óleo mínimo é superior a 6,0 litros, mas, em alguns casos, este volume é superior a 12 litros. O lubrificante possui as mesmas solicitações do que as descritas para os outros sistemas, porém compatível, agora, com a estrutura deste câmbio.
Tendo um conceito e aplicação relativamente antigos, é possível encontrar nas lojas diversos lubrificantes conhecidos como ATF (Automatic Transmission Fluid) desde os ATF Sufixo A tipo A com base mineral e não apto para transmissões que tenham menos de 30 anos, até alguns lubrificantes modernos, com base totalmente sintética e carga aditiva capaz de suportar condições impostas por transmissões modernas de 6, 7, 9 marchas ou mais.
Para as transmissões automáticas convencionais, a Motul possui uma linha com lubrificantes de alto desempenho e que são aplicáveis a diferentes montadoras.
Qual o lubrificante correto para o seu veículo?
É possível perceber que nem sempre fica claro para o proprietário do veículo e, às vezes, até para o mecânico, qual é o câmbio e fluido para a transmissão do veículo. Então, para não errar na hora de aplicar o lubrificante, recomendamos que verifique no manual do proprietário ou manual de serviços a especificação a ser atendida pelo lubrificante e, assim, conferir na ficha técnica do produto se ele possui a especificação em seu documento.
É importante saber que a maioria das montadoras possuem normas e especificações próprias, por isso, devemos sempre seguir a recomendação da montadora. Consulte as nossas fichas técnicas em Guia de Produtos.
Quando trocar o fluido?
Esta é uma pergunta que responderemos em um próximo texto, já que gera muitas dúvidas. Ainda hoje, algumas montadoras não deixam claro quando trocar o fluido. Outras como a Honda, recomenda a troca a cada 40.000 km.
Especialistas em transmissão, marcas de lubrificantes e até alguns fabricantes de câmbios recomendam a troca periódica, preferencialmente, a cada 3 anos, entre 30.000 km ou 50.000 km.
Infelizmente, não há um consenso e o consumidor pode acabar no prejuízo com a falta de manutenção preventiva. Temos acompanhado que em condições normais de uso, a troca do fluido a cada 50.000 km (com exceção das montadoras que determinam a troca antes disso) proporciona um aumento considerável da vida útil da transmissão e manutenção do conforto na direção. Em condições severas de uso e câmbios com históricos de degradação do fluido, recomendamos que o fluido seja substituído antecipadamente.Agora que você já aprendeu tudo sobre a transmissão dos automóveis, não deixe de compartilhar esse artigo com seus amigos! E também não se esqueça de nos acompanhar no Instagram e no Facebook para ficar por dentro de mais notícias como essa.