ACEA 2021: conheça o padrão europeu para lubrificantes automotivos e as novas tendências

 

Profissionais do segmento automotivo e entusiastas de veículos com a cultura de conferir o manual do proprietário dos carros podem estar acostumados a verificar a exigência que o fabricante impõe para lubrificantes, por exemplo, indicando níveis de normas como API, ILSAC, ACEA e especificação original do fabricante. Porém, muitas vezes, não fica explícito qual é o objetivo do fabricante ao recomendar uma especificação em detrimento de outra.

 

Para entender as características do lubrificante de acordo com a norma atendida, recomendamos que você leia o artigo sobre normas e especificações para carros, em que é possível compreender o perfil dos lubrificantes de acordo com o padrão exigido para a manutenção programada

 

Já no post de hoje iremos abordar de forma mais detalhada a ACEA, que diferentemente dos outros padrões, não possui uma linha de evolução simples. A sua atualização pode envolver a criação de novas categorias e aumentar a exigência sobre o desempenho do lubrificante em categorias existentes.

Histórico do padrão ACEA

 

Cada vez mais comum no mercado brasileiro, os padrões ACEA para lubrificantes foram introduzidos na década de 90 através do ACEA Oil Sequences, de 1996. Ele definiu especificações para óleos de motor, bem como promoveu a atualização dos padrões conforme a evolução tecnológica dos motores e lubrificantes através das Sequências de Óleos ACEA.  

 

Inicialmente, os principais critérios para a classificação de categoria foram o tipo de combustível do motor, gasolina (A1-96, A2-96 e A3-96) ou diesel (B1-96, B2-96 e B3-96) e viscosidade HTHS, indicando o perfil de proteção ou economia de combustível. Nas versões mais modernas esses parâmetros de análise se mantiveram e outros como nível de compatibilidade com pós tratamento foram adicionados.

 

A sequência obteve atualização nos anos de 1998, 2002, 2004, 2007, 2008, 2010, 2012, 2016 e 2021. O padrão ACEA contempla também categorias de lubrificantes para veículos pesados, mas possuem anos de atualização distintos dos citados acima, que se referem aos veículos leves. Além disso, as nomenclaturas das categorias para veículos pesados são específicas (categorias E) e diferente da utilizada em veículos leves (A/B/C).

ACEA 2016 - versão que ficará obsoleta

 

Introduzida em dezembro de 2016, a versão ACEA 2016 se torna obsoleta em maio de 2023, portanto, após esta data, os lubrificantes registrados junto a Associação dos Construtores Europeus de Automóveis devem respeitar a versão mais atual, de 2021.

 

Mantendo a estrutura de versões anteriores, nesta sequência os principais parâmetros para categorização dos lubrificantes é a viscosidade HTHS e o teor de SAPS. Veja abaixo o gráfico ilustrativo com as categorias da norma ACEA desta versão:

 

 

A recomendação dos fabricantes de veículos para lubrificantes com médio e baixo teor de SAPS cresce desde 2012 no Brasil. Inicialmente, isso acontecia com os veículos a diesel leve, porém, cada vez mais, a participação de veículos leves a gasolina ou flex requer especificações baseadas em economia de combustível e mais compatibilidade com o sistema de pós tratamento de gases. Isto ocorre devido a necessidade de reduzir a emissão de gases poluentes e evoluções tecnológicas.

 ACEA 2021 – a nova versão 

 

Desde maio de 2021 é permitido o requerimento de novos lubrificantes nesta versão que conta com novas categorias, novos testes e manutenção de parâmetros básicos como viscosidade HTHS e teor de SAPS. Veja a ilustração da norma ACEA 2021.

 

 

É possível notar que as categorias C1 e A3/B3 ficaram obsoletas e as categorias C6 e A7/B7 foram adotadas nesta sequência da ACEA. Veja abaixo um breve resumo de cada categoria.

 

Lubrificantes de categoria A/B – para motores a gasolina e diesel com injeção direta.

 

A3/B4 – Alto teor de SAPS com característica de proteção. Óleo estável em uso de intervalos prolongados de troca de óleo em automóveis de passageiros e motores leves a gasolina e diesel, mas também adequado para as aplicações descritas em A3/B3. 

 

A5/B5 – Alto teor de SAPS com baixa viscosidade HTHS oferecendo melhoria de economia de combustível em 2,5 %. Óleo estável em uso de intervalos prolongados de troca de óleo em automóveis de passageiros e motores leves a gasolina e diesel. 

 

A7/B7 – Alto teor de SAPS com baixa viscosidade HTHS oferecendo melhoria de economia de combustível em 2,5 %. Em relação a categoria A5/B5, esses óleos de motor fornecem proteção contra LSPI e proteção contra desgaste para motores a gasolina turboalimentados e de injeção direta, bem como proteção contra depósito do compressor do turbocompressor (TCCD) para motores diesel com injeção direta. 

 

Lubrificantes de categoria C - compatíveis com catalisador de três vias (TWC), filtro de partículas gasolina (GPF), filtro de partículas diesel (DPF) e motores diesel com injeção direta.

 

C2 – Médio nível de SAPS para compatibilidade com o sistema de pós-tratamento e baixa viscosidade HTHS, oferecendo benefício de economia de combustível otimizado (melhoria de 2,5 %).

 

C3 - Médio nível de SAPS para compatibilidade com o sistema de pós-tratamento e melhoria na economia de combustível de 1,0 % na viscosidade xW-30, ou seja, com o grau de viscosidade quente SAE 30. 

 

C4 – Baixo nível de SAPS para compatibilidade com o sistema de pós-tratamento, rigoroso tratamento e melhoria na economia de combustível de 1,0 % na viscosidade xW-30, ou seja, com o grau de viscosidade quente SAE 30. 

 

C5 – Médio nível de SAPS para compatibilidade com o sistema de pós-tratamento e baixa viscosidade HTHS, oferecendo melhoria em economia de combustível de 3,0 % e utilizado com viscosidades de grau SAE 0W-20 e 5W-20.

 

C6 – Médio nível de SAPS para compatibilidade com o sistema de pós-tratamento e baixa viscosidade HTHS. Em relação ao C5, esses óleos de motor fornecem proteção contra LSPI e proteção contra desgaste para motores a gasolina turboalimentados e de injeção direta, bem como proteção TCCD (Turbocharger Compressor Deposit) para motores diesel com injeção direta. 

Tendências para os lubrificantes

 

A Sequência da ACEA segue a tendência de outros padrões e realiza teste de prevenção contra a falha por pré-ignição em baixas velocidades e desgaste da corrente de comando nas categorias A7/B7 e C6. Além disso, insere também o teste para a verificação do desgaste no trem de válvulas (ASTM D8350) para todas as categorias.

 

Desta forma, podemos observar que o padrão apresenta categorias que atendam diferentes requerimentos de motor e consolidando-se como base para a maior parte das especificações originais de fabricantes (OEM).

 

É de se destacar também que há um movimento para lubrificantes com médio teor de SAPS, onde a extinção da categoria C1, justifica a modificação de exigência da Land Rover para veículos diesel, mas também em motores a gasolina modernos equipados com sistemas com maior controle contra poluição que passam a indicar esse teor.

 

Vemos também a disposição para lubrificantes com viscosidade 0W-20 e 5W-20 para veículos a gasolina de alta performance e motores modernos a diesel baseados nos requerimentos do padrão ACEA. O que torna necessário a indicação de produtos como 8100 ECO-clean 0W-20 para as exigências modernas de montadoras como Mercedes-Benz, Jaguar, Land Rover e outras.

 

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